A Jornada de Capixaba: Da Floresta Densa à Identidade Pioneira
A história de Capixaba é uma crônica fascinante da ocupação amazônica, tecida com a coragem de desbravadores e a força de um povo que encontrou um novo lar no coração do Acre. Mais do que um ponto no mapa, o município é um tributo vivo aos migrantes que, vindos de longe, transformaram a paisagem e forjaram uma identidade única, homenageada em seu próprio nome.
Raízes na Floresta: O Tempo dos Seringais
Antes da chegada das estradas e dos colonos, a vasta área que hoje corresponde a Capixaba era um território imerso no ciclo da borracha. Grandes seringais dominavam a paisagem, com uma ocupação humana esparsa, composta principalmente por seringueiros que se embrenhavam na mata para a extração do látex e por comunidades de povos originários, os verdadeiros guardiões da floresta. Era uma economia extrativista, ditada pelo ritmo da natureza e isolada dos grandes centros urbanos do país, um cenário que mudaria radicalmente em poucas décadas.
A Chegada dos Pioneiros: A Alma Capixaba no Acre
O grande ponto de virada ocorreu a partir da década de 1970, impulsionado por programas de colonização do governo federal que incentivavam a ocupação da Amazônia. Foi nesse período que um intenso fluxo migratório de famílias do estado do Espírito Santo chegou à região. Buscando terras férteis e novas oportunidades, esses pioneiros, conhecidos como “capixabas”, trouxeram na bagagem não apenas seus pertences, mas também sua cultura, suas técnicas agrícolas e uma determinação inabalável para cultivar o solo amazônico. A adaptação foi um desafio, mas a resiliência desses desbravadores lançou as sementes da futura cidade. O nome do município é a mais justa homenagem a esse movimento que definiu a alma do lugar.
Crescimento, Consolidação e Autonomia
O desenvolvimento do povoado esteve intrinsecamente ligado a um eixo vital: a antiga rodovia AC-040 (hoje parte da BR-317), que conectava a capital Rio Branco à fronteira boliviana. Ao longo dessa via, o assentamento floresceu, facilitando o escoamento da produção e a chegada de novos moradores. A economia local se consolidou com base em pilares que perduram até hoje:
- Agricultura Familiar: Cultivos como café e pimenta-do-reino, trazidos pelos colonos, foram fundamentais no início da ocupação.
- Pecuária Extensiva: Com o tempo, a criação de gado ganhou força, tornando-se o principal motor econômico e moldando a paisagem rural da região.
- Extração Sustentável: Atividades ligadas aos recursos da floresta, como a exploração de madeira e castanha, também desempenharam um papel importante.
Com o crescimento populacional e a consolidação econômica, o anseio por autogovernança tornou-se inevitável. O sonho se concretizou em 28 de abril de 1992, quando a Lei Estadual nº 1.026 elevou Capixaba à categoria de município. Hoje, a cidade honra seu passado agropecuário enquanto olha para o futuro, explorando novas vocações no turismo rural e ecológico.
Dicas Rápidas para o Viajante Histórico
- Converse com os moradores mais antigos. Suas histórias pessoais são o testemunho vivo da saga da colonização e oferecem uma perspectiva única sobre a fundação da cidade.
- Percorra as estradas vicinais que partem da BR-317. Elas revelam a paisagem rural moldada pela pecuária e pela agricultura, que são a base da história econômica local.
- Observe a arquitetura simples e funcional do centro da cidade, que reflete o desenvolvimento prático e orgânico de um núcleo de colonização.
- Participe de festas e eventos locais, se tiver a oportunidade. Muitas celebrações carregam traços culturais herdados dos pioneiros, em uma rica fusão com as tradições amazônicas.